terça-feira, 13 de dezembro de 2016

AS TRAIÇÕES DE LINDALVA




















I
Das cinco irmãs que eu tinha
Quatro haviam se casado;
A última, como sempre,
Fugiu com seu namorado;
Pra se casar escondida
Do meu pai, era a saída,
Pra se livrar desse fardo.
II
Meu pai era homem bom
Dava trabalho, alimento;
Dormida pros empregados,
Comida e suprimento;
Mas brabo e perspicaz
Tinha sempre um capataz
Com ele todo momento.
III
Não tinha muita conversa;
Bem visto na região,
Como coronel Pedreira;
Era um domingo, então.
Justo quando o meu pai
Na feira num vem e vai.
Alguém fez a indagação.
IV
De repente, assim falou:
- Porque o senhor não foi
Ao casamento da filha?
Papai sequer disse oi...
- Ôxe!!! Mais que casamento?!
Quer me fazer de jumento?!
Enraivou-se feito um boi.
V
Não esperou por resposta
Veloz esporou a mula;
Riscou de frente à capela
Saltou numa raiva fula;
Para os noivos foi direto
E findou com o secreto
Da sua filha caçula.
VI
Quando o padre ia falar
Se a noiva aceitava... 
Viu alguém pegando ela
Pelos braços lhe puxava;
A sair da igreja a fora
Num assombro caipora,
O meu pai esbravejava.
VII
Nem noivo, nem sacerdote
Combateram a violência;
Ficaram todos aflitos
Alguém rogou paciência
Para São Sebastião,
E meu pai feito leão.
O padre gritou: - Clemência!

...........................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário